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terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Crime Organizado e as Práticas Sociais Corruptas

O pensamento crítico e o senso comum nunca estiveram tão distantes. A enxurrada de informações que estamos recebendo do Rio de Janeiro estão sendo transmitidas com o mesmo sensacionalismo dos programas policiais, porém com uma melhor qualidade técnica, quase cinematográfica. A verdade é que não é só o Rio que sofre com o tráfico, é todo o Brasil, mas nós só debatemos o crime nas favelas do Rio de Janeiro que, pelo senso comum, precisam ser combatidas. Somente neste ponto é que vejo uma intersecção entre o pensamento crítico sobre o problema e o senso comum, constantemente legitimado pela cobertura cinematográfica da imprensa brasileira.

A forma que devemos combater o crime no Brasil é um debate fora de pauta. Discute-se sim as estratégias de subir o morro, "espantar", prender e matar os traficantes. É impressionante ouvir em cada esquina brasileiros apoiando a varredura e a caça aos marginais. E não é pra caçá-los, se eles estão altamente armados? Eles não aterrorizam inocentes? Eles não matam, não saqueiam, não roubam? Eles morrendo não fazem falta e é um bem pra sociedade! Estas são perguntas e afirmações que a sociedade faz, apagando qualquer tentativa de se fazer uma análise crítica, sistêmica da situação brasileira.

Quero, portanto, tentar neste blog desconstruir as diversas ideias que norteiam o senso comum, com fortes reflexões e críticas aos métodos legitimados pela maioria da população, utilizadas no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Pra começar minha primeira critica é que o crime organizado não existe somente nas favelas do Rio, mas sim nas demais favelas brasileiras e também em bairros nobres de todo o Brasil. A segunda crítica é que o crime organizado não é composto por favelados e/ou traficantes que residem em favelas, mas que constitui de indivíduos marginalizados, comerciantes, jornalistas, educadores de centros educacionais, agentes penitenciários, policiais militares, políticos, advogados, juízes, funcionários públicos, e indivíduos das classes mais favorecidas. Portanto, o crime organizado no Brasil tem cara de máfia e para combatê-lo as estratégias devem ser sistematicamente planejadas e articuladas por pessoas íntegras. Quem são estas pessoas? Eu não sei.

Para encontrarmos uma solução para o problema, acredito que devemos fazer alguns questionamentos. Quero começar pelo problema no Rio, já que é a pauta vigente. Especula-se na televisão constantemente que as ordens para os ataques aos veículos no Rio de Janeiro vem dos presídios, uma forte evidência de que temos agentes penitenciários, parte da organização criminosa, que também precisam ser combatidos. Sobre a existência de agentes corruptos nos presídios brasileiros isso ninguém tem dúvida. Celulares e alguns armamentos em presídios são comuns nos noticiários. Mas crime por partes dos agentes não é somente compactuar de maneira ilícita com traficantes já detidos, a violência contra indivíduos privados de liberdade também é crime e ainda mais, tem um grande impacto social. Violência só gera violência. Os presídios brasileiros só formam criminosos, quando estes eram para educar e profissionalizar o infrator. É de se esperar portanto, que infratores com ficha criminal e passagem por presídios sejam extremamente violentos, pois estes perderam os valores da vida devido a violência e as péssimas condições de vida dentro dos presídios superlotados e sem estrutura física suficiente para se viver. Acabando, portanto, com a corrupção e violência e investindo forte em estrutura física dos presídios vai resolver o problema das facções criminosas? A resposta é não! Mais presídios implica em mais presos, mais gente para ser julgado, mais investimento, e depois o mesmo problema volta e teremos que ter mais presídios, e teremos mais presos, mais juízes para julgar, mais investimento, etc, etc. Resolver este problema sem resolver a corrupção e a violência policial nas ruas nada vai mudar. O despreparo dos policiais unido ao medo, às péssimas condições de trabalho e de salários condicionam o policial a tomar atitudes ilegais, com impactos sociais devastadores. Policiais violentam e causam medo à população, policiais matam inocentes e continuam soltos, policiais militares são envolvidos com o crime organizado, eles criam grupos de extermínio e matam quem eles acham que devem morrer, há suspeitas de alianças com redes de segurança privada e com grupos de extermínio, e veja bem, são muitas as suspeitas e muitas as comprovações de corrupção das autoridades que supostamente deveriam fazer a segurança pública. A imprensa, por outro lado, apresenta somente o que legitima a ação policial e a criminalização de favelados e jovens infratores. É também um ato corrupto omitir informações necessárias para uma verdadeira análise da situação. A verdade é que falta uma concepção mais crítica e menos sensacionalista por parte dos jornalistas, que não compreendem a conjuntura social e política, compactuando com uma concepção voltada para a criminalização da juventude pobre e a omissão de fatos determinantes para crimes cometidos por juízes, promotores, advogados, e indivíduos com poder aquisitivo para contratar juízes e advogados. Como um suspeito pobre e sem instruções pode processar a imprensa? Então ele não é suspeito é culpado! Se um crime é cometido por autoridades ou por indivíduos com poder aquisitivo é racional, por parte da imprensa, ter cautela nas reportagens que podem ser alvos de processos legais. Isso tudo pra mim é corrupção, ao passo que acusa sem ter provas o pobre, e omite em nome de interesses financeiros ou de poder. Tráfico de influências também é crime. É preciso combater o crime organizado, ou seja, toda a estrutura criminal enraizada, impune, comum nas práticas da maioria dos brasileiros.

Já falei da corrupção e violência policial, de agentes penitenciários, e da omissão irresponsável e criminalização da juventude pobre pela imprensa brasileira que também constitui, do meu ponto de vista, o crime organizado no Brasil. Ainda tem coisa a se falar. O alvo agora é a política. Antes de falar do político vamos falar da política exercida por funcionários públicos irresponsáveis e um tanto quanto corrupta. Não tenho provas aqui, mas tenho minha vivência que aposto está coerente coma vivência de muitos brasileiros. Quantos brasileiros corruptos pagaram para furar fila da vistoria de veículos no Detran? Eu deixei de pagar e quis pegar a fila, e o resultado é que fui o último a ser atendido. A vistoria era de um gol recém comprado e que havia passado pela vistoria uma semana antes. O vendedor do gol (vendedor de muitos outros carros), dono do JJ Veículos conseguiu fazer esta vistoria sem nenhum problema e nem pegou fila. Mas quando chegou minha vez descobri que a fila era grande, mesmo sem ter tantos carros na fila, e que o carro tinha o chassi alterado. Suspeitei de carro roubado tive que resolver este problema. Não quero aprofundar aqui o estresse pelo qual passei com este carro, só quero mostrar que as práticas no interior de um órgão público como o Detran - Ce são corruptas. Carros roubados podem ser facilmente legalizados, basta pagar propina e o preço que o cidadão paga por não aceitar isso é o estresse de uma fila enorme e ainda o procedimento justo que é aplicado para os honestos. Nem a delegacia de roubos e furtos resolveu meu problema. Isso se configura ou não um crime organizado? No contexto da corrupção de funcionários públicos, como andam as práticas pedagógicas nas escolas públicas de ensino básico? Fui professor pelo Instituto Dom José de Educação e Cultura na Universidade Estadual Vale do Acaraú em Fortaleza por três dias, pois os meus alunos, que são professores do ensino básico criticaram a minha didática. Até ai tudo bem, vou rever minha didática, mas a verdade é que eu tinha uma ementa a cumprir de Cálculo Diferencial Integral II em apenas um mês e uma turma que não sabia nem Cálculo I, e o menor interesse em aprender coisas novas. Alunos (professores de ensino básico) desrespeitadores, que atendem celulares dentro de sala de aula, e que se unem para tirar o professor que estava disposto à cumprir com a ementa, e que obviamente alguns reprovaria alguns que não conseguissem aprender o mínimo que estava a ser ensinado. Sei que sou suspeito pra falar, mas muitos hão de concordar que a equipe docente de ensino básico estagnou, se acomodou e não os interessa aprender mais. Estão de saco cheio com a estrutura da sua escola e nada fazem para melhorar, a não ser greves por aumento salarial, uma bandeira bem individualista. Defendo sim o aumento salarial, mas falta também um comprometimento com a educação, falta preparo para lhe dar com os estudantes de baixa renda, sem perspectiva de vida e com um potencial enorme para entrar no tráfico. Falta no professor força para despertar no estudante uma esperança de mudança de vida, de garantia de sucesso. Falta criatividade e também falta condições de trabalho e de salário. É realmente um problema sério! É um desabafo meu, mas posso escrever aqui centenas de desabafos de alunos, professores e gestores da educação básica, que não tem formação continuada e são extremamente despreparados para realizar uma transformação social em tempos de guerra entre policiais e traficantes (segundo mostra nossa imprensa). Mas pra mim esta guerra que está sendo apresentada é entre criminosos da polícia e criminosos da favela, onde sofre os policiais inocentes e muitos inocentes da favela. A guerra civil brasileira que existe é generalizada, uma guerra por benefícios e regalias, por poder e por dinheiro. Não que o dinheiro em sim seja ruim, mas que a forma de se ganhar dinheiro deve ser questionada, formas corruptas, formas que trazem prejuízos a trabalhadores, ou dinheiro a todo custo. Ah, os políticos! Eu disse que iria falar deles. Eles são frutos de toda essa cultura brasileira individualista, corporativista, aproveitadora, marcada pela corrupção. E é no Congresso Nacional e nas Câmaras que estão as maiores possibilidades de práticas corruptas que trazem os maiores malefícios à sociedade. Além das práticas ilícitas os três poderes, o Executivo, Legislativo e o Judiciário, assumem uma prática imoral elevando seus próprios salários e benefícios a valores exorbitantes, praticando nepotismo ilegal e/ou imoral, defendendo interesses individuais que não são caracterizados como crime, mas são práticas imorais que só agravam os problemas sociais.

O que é público é tratado com descaso e irresponsabilidade desde os cargos públicos ocupados pela sociedade até os patrimônios público considerados menos importantes. Esta cultura está intimamente ligada à todos os problemas sociais que vivemos, uma conjuntura que pode ser descrita apenas pela irresponsabilidade dos gestores e funcionários públicos que acabam por não garantir os direitos mais fundamentais o que levam nossas crianças e adolescentes à se marginalizarem e procurarem defesas utilizando meios ilegais, nada mais natural. obrevivência meu velho, sobrevivência. Por que o Estado cobra conduta se ele mesmo não tem? A polícia militar tem boa conduta? Por que são eles que estão no projeto de ocupação das favelas através das UPPs no Rio de Janeiro? Um projeto de repercussão nacional que deu a reeleição de Sérgio Cabral. O Rio vive tempos de guerra. Mentira! As favelas sempre viveram estes tempos de guerra e agora está agravado pelo projeto um tanto quanto irresponsável, eleitoreiro e, infelizmente, que a sociedade está pedindo, de forma completamente burra irresponsável e sem uma análise sistêmica do problema que não vai acabar com os métodos utilizados. Todos os dias prendem criminosos e suspeitos, para colocar onde? Todos os dias encontram drogas e armas, mas dinheiro eles não encontram, Porque? As armas tem um poder de fogo terrível nas mãos de traficantes extremamente perigosos. Como estas armas chegam até eles? E a conjuntura social e política que a cada minuto coloca crianças e adolescentes à margem da sociedade, e consequentemente entram para o mundo do crime? A polícia despreparada e violenta não acabará com o tráfico, eles só podem afastar e prender alguns traficantes da favela, pois o tráfico é constituido também de policiais, políticos com a cumplicidade e cooperação de alguns funcionários públicos. Não duvido também que empresas particulares lucrem com o tráfico. Uma verdadeira máfia nacional. Não olhemos somente para o Rio, em todo o Brasil há corruptos e criminosos sejam traficantes ou não, que estão todos cooperando com o mesmo objetivo de lucrar, se beneficiar ou curvar-se ao tráfico de drogas, armas e influência. O Estado do Ceará está a anos sofrendo com as superlotações, rebeliões nos centros educacionais, com os crimes por parte de grupos de extermínios envolvendo "mocinhos" e bandidos. As pessoas acompanham isso através dos programas policiais que são portas de entrada para a ocupação de cargos públicos. Não duvido que jornalistas destes programas cheguem bem antes de o crime acontecer. O crime é espetacularizado, dá audiência e por isso gera lucro, pois empresas devem pagar um absurdo para fazer propagandas nos horários de tais programas policiais. Não duvido também da ligação direta destes com o crime organizado.

A guerra que devemos travar, portanto, é contra nossos hábitos, nossa cultura, nosso tesão pela propriedade, pelo consumo, pelo poder, pelo lucro. Cada um de nós precisamos diariamente fazer auto-crítica às nossas práticas políticas e sociais. Precisamos voltar a crer em uma nova sociedade e a partir deste sonho praticar e, sobretudo lutar, pois na atual conjuntura não adianta falar que faz a sua parte como profissional, fechando os olhos para todas as injustiças em seu próprio ambiente de trabalho e por vezes cometendo práticas ilegais ou imorais se se dar conta do que está fazendo. Precisamos ter coragem para enfrentar todas as mazelas sociais, buscando ser íntegro, não sendo cúmplice, e sobretudo batendo de frente com os atos corruptos e práticas imorais tão cotidianas em todos os ramos da sociedade.

sábado, 27 de novembro de 2010

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR P6M

Aos coordenadores, professores e alunos.

Pessoal, segue abaixo o vídeo de divulgação do P6M. Por favor, divulguem este vídeo por e-mail ou através de redes sociais como: facebook, orkut, myspace, twitter etc.

Atenciosamente,
Coordenação Administrativa
Projeto 6 de Março

domingo, 14 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aberta as Inscrições para o Processo de Seleção 2011

O Projeto Pré-Vestibular Popular 6 de Março torna público o Processo de Seleção para admissão de novos estudantes para o período letivo de 2011. Confira o EDITAL DE SELEÇÃO (em PDF).

O processo de seleção deve acontecer em duas etapas. A primeira consiste em uma apresentação do Projeto Pré-Vestibular Popular 6 de Março, com informações importantes acerca da origem e funcionamento do cursinho. A segunda etapa constitui de uma prova objetiva que deve abordar os seguintes assuntos determinados no ANEXO I do Edital. Ao lado você pode conferir o Edital e logo abaixo o conteúdo programático abordado na prova de seleção. Veja vídeo de divulgação e nos ajude a divulgar.



ANEXO I - Conteúdo Programático

História: Educação e Democracia na Grécia; a Igreja Medieval; bases teóricas do Absolutismo; Revolução Francesa; Segunda Guerra Mundial; Revolução Cubana; produção açucareira no Brasil; Primeiro Reinado; ordem oligárquica na República Velha; Vargas, Estado Novo; Ditadura Militar; o Ceará e Confederação do Equador; a campanha abolicionista no Ceará. Português: Interpretação de texto; Funções da linguagem; Figuras de Linguagem; Variação linguística; Estudo do texto literário: relações entre produção literária e processo social, concepções artísticas, procedimentos de construção e recepção de textos – produção literária e processo social; processos de formação literária e de formação nacional; produção de textos literários, sua recepção e a constituição do patrimônio literário nacional; relações entre a dialética cosmopolitismo/localismo e a produção literária nacional; elementos de continuidade e ruptura entre os diversos momentos da literatura brasileira; associações entre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário em seus gêneros ( épico/narrativo, lírico e dramático ) e formas diversas.; articulações entre os recursos expressivos e estruturais do texto literário e o processo social relacionado ao momento de sua produção; representação literária: natureza, função, organização e estrutura do texto literário; relações entre literatura, outras artes e outros saberes; Estudo dos aspectos linguísticos da língua portuguesa: usos da língua: norma culta e variação lingüística – uso dos recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é constituído: elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais; uso dos recursos linguísticos em processo de coesão textual: elementos de articulação das sequências dos textos ou à construção da micro estrutura do texto. Geografia: Recursos naturais e recursos energéticos; desmatamento; urbanização; relevo brasileiro; clima brasileiro; industrialização no Brasil; correntes demográficas (Malthusiana, Neomalthusiana, Reformista); Unidades Geomorfológicas do Ceará; Atualidades: Arte; cultura; esporte; política; economia. Biologia: Membrana plasmática e citoplasma celular; tecidos conjuntivos; classificação dos seres vivos; os vírus e o reino Monera; reprodução humana; origem e evolução da vida; relação entre os seres vivos; poluição e desequilíbrios ecológicos. Matemática: Expressões numéricas; multiplicidade e divisibilidade (MMC e MDC); razão e proporção; regra de três simples e composta; produtos notáveis; equações de 1º e 2º grau; sistemas de equações do 1º grau; conjuntos; funções de 1º e 2º grau; Noções de geometria plana e espacial: Figuras planas e suas áreas, figuras espaciais e suas áreas e volumes (poliedros). Física: Unidades de medida; grandezas escalares e vetoriais; movimento retilíneo uniforme e uniformemente variado; conservação da energia; leis de Newton e suas aplicações; primeira e segunda lei da termodinâmica; noção de carga elétrica; Lei de Coulomb; corrente elétrica; lei de Ohm. Química: Ácidos, bases, sais e óxidos; substâncias puras e misturas; funções orgânicas; unidades de concentração.